Neste território, habitado indistintamente por Luenas(Luvale), Quiocos (Katxôkue) e Lundas (Kalunda), estavam sediados 4 grandes sobados: os Grandes Sobas KAQUENGUE, (Xilombo), KALUNDA, (Macondo), LUMBALA, (Lumbala) e MUEMA, (Lunguebungo). Alem destes, havia depois os sobas menores, em número mal definido, mas dos quais é possível enumerar os seguintes: Mussuma, Camigi, Chinjongo, Massibi, Matuitui, Kuelele, Mucumbi, Samangala, Lunache e outros tantos de menor influência, mas de igual dignidade.
O Chefe do Posto era um ilustre angolano mestiçado de europeu, de nome SANTANA, que havia frequentado em Lisboa a faculdade de medicina durante dois anos. Homem muito esclarecido, gozava de grande prestígio entre as populações e não se pode excluir que antevisse, a longo prazo, o destino que aguardava o seu povo, a independência. No entanto era de uma aparente fidelidade ao poder colonial, que não permitia dúvidas a ninguém.
Foi nesta Lumbala, numa palhota de “pau a pique”, que o 3º Pelotão da CC 115 se instalou numa noite chuvosa dos últimos dias de Maio de 1962, depois de, em plena noite, ter atravessado em jangadas de canoas o grande Zambeze. As viaturas ficaram na margem esquerda, com segurança garantida por uma secção de caçadores.
Foi um dia inesquecível para todos os participantes nas cerimónias levadas a efeito. Tudo começou com o solene içar da Bandeira Nacional no “Quartel”, e no Posto Administrativo, na presença de grande multidão de cidadãos nativos acompanhados dos seus sobas e ganguelas, seguido de uma reunião magna no terreiro frente ao Posto Administrativo, com discursos alusivos à data comemorada, traduzidos para Luena/Quioco pelo Chefe do Posto, Sr Santana.
Em seguida tiveram lugar várias manifestações desportivas populares, tais como corridas de sacos, para os mais novos, corridas de canoa para os jovens mais audazes e, no final, um disputado jogo de futebol entre uma equipa militar e uma de civis, que coroou as várias manifestações de são, fraterno e amigável convívio, que terminaria com o almoço comunitário que juntou militares e civis, estes todos negros menos um, porque ali não havia mais do que um único branco, o comerciante Pires.
Na mesa principal tomaram lugar ao lado do Comandante do Destacamento e do Chefe do Posto, todos os Sobas Grandes e os Sobas Menores, acompanhados dos respectivos “Ganguelas”.
O fervor patriótico vivido neste dia em Lumbala foi tal, que levou o Comandante do Destacamento a terminar o seu relatório para o Comando com esta expressão acalorada:”.........é bem certo que aqui também é PORTUGAL!”.
Nota · “Ganguela”- órgão executivo do soba – uma espécie de 1º ministro.
Relatório das actividades desenvolvidas em Lumbala em 10JUN62